A televisão como mídia passou por várias mudanças neste últimos 30 anos. Muita gente ainda não percebeu que está assistindo TV de forma completamente diferente.
Lá para a década de 80, por exemplo, muito mais pessoas possuíam o hábito de assistir televisão. Eu, por exemplo, passei grande parte da minha infância colado à telinha. O jornal nacional e a novela das oito eram quase como um encontro familiar. Todos assistiam.
Naquela época, a maioria das casas só possuía um aparelho de televisão, que ganhava tratamento nobre e ficava no centro da sala. Eu tinha o hábito de me esticar no sofá para assistir desenhos animados durante a tarde e filmes pela madrugada. Só ia para a cama para dormir.
Quando passei a contratar o serviço de TV à cabo, no meio da década de 90, o interesse por televisão aumentou ainda mais. Podia ver séries, filmes, esportes e documentários, ou seja, muito mais opções do que antes. Lembro-me de ter colocado um televisor ao lado de minha cama, para que eu pudesse assistir TV deitado antes de dormir.
A individualização da televisão foi a primeira mudança no modo de assistir TV. Com a queda dos preços dos aparelhos, mais pessoas passaram a ter televisores nos quartos. A TV a cabo, por sua vez, possibilitou uma segunda mudança, o aumento da qualidade e da diversidade da programação disponível.
Mas a grande revolução no modo de assistir TV ainda estava por vir, e aconteceu a partir de 2000 com a popularização da internet banda larga. Gosto de me referir a esta mudança como a revolução 180 graus da televisão.
Com o aumento do interesse por internet, o computador passou a ser o centro das atenções e a televisão ficou em segundo plano. A maior parte das pessoas fica no PC lendo notícias ou e-mails enquanto o televisor está ao lado se esforçando para chamar a atenção, o que consegue em certos momentos. Houve uma rotação de 90 graus no modo de assistir TV, pois agora o monitor é que está na frente, e a TV ao lado.
Mas o interesse por televisão ia diminuir ainda mais. Neste momento que escrevo, em 2010, percebo que o aparelho de TV do meu quarto fica muito tempo desligado, e mesmo quando ligado praticamente não atrai minha atenção. Com as opções disponíveis na internet, como orkut, tweeter, tv por stream [1], youtube e outros, estou hoje apenas ouvindo falar sobre os programas que estão passando na televisão aberta ou a cabo. É como se o aparelho estivesse fora do meu campo de visão, nas minhas costas, a 180 graus.
Meus poucos programas de TV favoritos eu normalmente assisto no computador. Percebo um crescente desinteresse na telinha que foi minha fonte de entretenimento por tantos anos. Será o fim da televisão?
Promete-se que a TV digital mudará isso. A interatividade, quando estiver finalmente implementada, talvez possa atrair novamente a minha atenção com conteúdos interessantes e diversos. Até agora, estou desanimado e pessimista, são poucos os canais em alta resolução e a programação é a mesma droga de sempre
Agora que a televisão já circulou 180 graus na minha casa, acho improvável que ela retorne ao seu nobre status. Quem sabe no futuro com muito trabalho e esforço a TV volte a ter o mérito de ficar na frente de todos nós, me forçando a voltar neste espaço e escrever um novo infame texto chamado, Televisão - 360 graus de revolução.
2 comentários:
Texto interessante e verdadeiro, apesar de eu ter somente 16 anos e não ter pego a programção mais antiga concordo que a TV está bem desinteresante.
Abraços!
Adriano, se vc escrever tal texto, estará se igualando à Adriane Galisteu (ou à loura semelhante) que usou igual expressão.
Mais uma vez concordo, embora ainda minha TV ocupe espaço nobre no quarto. A "revolução" da TV a cabo só fui viver no não tão longínquo 2008 e por apenas um ano e meio...
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