segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Linux ainda não serve para o pequeno usuário

Sou entusiasta do linux desde 1996, quando comprei minha primeira distribuição Red Hat conectiva. Naquela época, o início da internet no Brasil, o linux parecia ser uma interessante opção em face aos horríveis windows 95.

Segurança e confiabilidade era o que buscavam os usuários do sistema operacional livre. O linux rodava de forma mais segura, travando menos, dando menos erros. Só que não era para qualquer um, o suporte a hardware era precário e a instalação era difícil.

Particionar o HD, incluir partições de swap e instalar o software gerenciador de inicialização exigia um conhecimento que apenas técnicos possuíam. Tudo isso dava diversos problemas, diferentes a cada máquina. Sem contar que o sistema tinha que conviver com o windows, o que por si só já era bastante difícil.

Mesmo depois de instalado, os problemas continuavam. Lembro-me que foi bastante difícil colocar minha placa de áudio para funcionar, uma soundblaster AWE32 legítima. Já o modem, um Zoltrix, foi totalmente impossível.

E hoje, 13 anos depois, como está o linux? Há pelos menos cinco anos estou distante do software livre, assim resolvi dedicar um tempo para fazer uma avaliação. Para isso, utilizei uma máquina antiga, um pentium III 500MHz com 768M bytes de memória RAM e dois HDs de 40Gbytes. Um pouco jurássico, é verdade, mas adequado para o teste já que o windows XP funciona normalmente.

Resolvi escolher a distribuição ubuntu [1], pois é a primeira que aparece quando digita-se linux no google [2]. Existem outras distribuições como a Mandriva ou o Fedora, mas pensei como usuário comum e resolvi seguir o mais popular.

Instalar o ubuntu foi difícil assim como em 1996. Tentei um instalador via windows mas não funcionou pois travava na inicialização da instalação. Há também um CD alternativo com um instalador em modo texto, isso acabou sendo mais prático depois dos diversos erros no CD original. Houve ainda uma dificuldade adicional devido a uma incompatibilidade com minha placa mãe, o que me obrigou a trocá-la por outra.

É conhecido o fato de que o Linux precisa particionar o seu HD em duas partes, uma para os arquivos do sistema operacional e outra para o swap [3]. Além disso deverá haver uma terceira parte que ficará com o windows e não pode ser mexida. Embora o Ubuntu possua um particionador automático para executar este trabalho, isso ainda é complicado e cheio de falhas. Nem sempre o automático escolhe a melhor opção.

Para concluir, a instalação da distribuição Ubuntu, a mais conhecida de linux, ainda não é confiável o suficiente para que se garanta que vai funcionar. Mesmo quando não funciona, ainda existem problemas graves pois o erro que impediu a instalação não é mostrado claramente e ainda acontecem acidentes como sumir com o windows (o que aconteceu umas três vezes).

Depois de alguns dias de pesquisas, incluindo a troca da placa mãe, finalmente consegui testar o linux. Algumas coisas me chamaram a atenção, melhorias significativas em relação às distribuições antigas que eu usava:

- A interface gráfica padrão, o Gnome, é um pouco lenta, mas é agradável. Possui links para tudo que o usuário precisa como planilhas e editor de texto (vem com o open office), editor de imagens, ferramentas administrativas e gravador de CD/DVD.
- O suporte a hardware também é bom, minha placa de áudio, rede e a aceleração de vídeo funcionaram sem precisar de drivers.
- Sobre a rede, essa é a primeira distribuição de linux que finalmente acessou a minha rede local e copiou arquivos compartilhados dos computadores windows que possuo. Bastante interessante, isso melhorou muito.
- O firefox do ubuntu dá completa compatibilidade com a internet, pode-se acessar internet banking ou qualquer outra coisa que você precise. Isso também melhorou.
- O ubuntu possui um sistema semelhante ao Windows Update, que funciona muito bem. Atualizou o Kernel (a base do sistema operacional) e pediu para reiniciar. Funcionou normalmente.

No entanto, o Linux ainda está muito longe de ser util para o pequeno usuário. A instalação é difícil e a manutenção do sistema é bastante complexa. A maioria dos usuários consegue corrigir pequenas falhas no windows ou baixar algum software que o faça. Mas no Linux tudo fica mais enrolado, instalar programas, por exemplo, ainda é tarefa complexa, que inclui baixar pacotes de um certo tipo ou configurar um repositório. Sem contar que às vezes um novo programa só funciona com algumas linhas "sudo" de terminal, sem condições para quem não possui um técnico especialista em casa.

A falta de aplicativos e a dificuldade de suporte fazem o linux ainda estar longe do usuário e perto de malucos como eu, que se divertem com mensagens tipo "Kernel Panic", "This ATA drive is too slow, please be patience" e "changing HD size from 0 to 4000000".

Será que algum dia o linux se tornará uma opção real ao windows? Será que o software livre é uma utopia? Algum dia veremos a quebra deste monopólio Microsoft? Pensarei nestas perguntas enquanto me divirto com as mensagens e configurações malucas do linux! Um sudo feliz natal para vocês!