sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A mania dos formatos na área acadêmica

A graduação, mestrado e o doutorado deveriam ter foco na pesquisa, no desenvolvimento de ciência, naquilo que cada aluno tem capacidade de contribuir com seu trabalho. Mas, infelizmente, nem todos compartilham desta ideia, as universidades e grande parte da comunidade docente ainda exige que se cumpram obrigações muito de longe daquilo que pode-se considerar útil para a humanidade.

O primeiro e mais importe entrave comum nas universidades brasileiras é a mania pelos formatos, pela padronização. Eu que fiz graduação, mestrado e doutorado em instituições diferentes, vivi a necessidade de me adaptar a diversas situações de texto e apresentação. Tudo uma bobagem.

Todos em nome da ABNT, associação brasileira de normas técnicas, as faculdades resolvem exigir que se os trabalhos sejam escritos seguindo manual próprio, elaborado pelos anciões das universidades, que tem o grande e enfadonho objetivo de colocar-se como pedra no sapato do aluno, arbitrando como deverão ser diagramados nossos cabeçalhos, títulos, margens, numerações, legendas e bibliografia. Tudo pelo sagrado bem da universalidade.

O pior é que a ABNT, santificada entidade dos formatos, tem seu nome pronunciado em vão, pois muito pouco tem influência nas idéias absurdas que se perpetuam nas faculdades do país. O documento que existe registrado nas normas técnicas é a NBR-14724, que em apenas 7 páginas define algumas poucas linhas daquilo que deve estar contido em um trabalho científico. Por exemplo: deve haver uma introdução, conclusão, resumo em português e em língua estrangeira. Nada de prender os formatos, apenas recomenda-se que o texto seja impresso em A4.

Como a NBR é muito genérica, as faculdades, cursos, universidades e coordenações resolveram criar, cada uma delas, um enorme manual de como escrever teses, dissertações e trabalhos de fim de curso. O manual da COPPE/UFRJ, por exemplo, possui 34 páginas e tenta colocar todos os alunos no mesmo barco furado da formatação de texto, desde a capa até a última folha.

E não ache que estas regras são apenas para ajudar os alunos sem imaginação. Se você resolver fazer diferente vai gerar um monte de problemas. Eu, por exemplo, tive que tirar, às pressas, um pequeno cabeçalho que colocava em cada página com o nome da seção e subseção que estava sendo lida. 

Embora não haja nada, nas 34 páginas do manual, que impeça esta modificação, a comissão de registro me informou que todos os cabeçalhos de página devem ser iguais. Ponto final. Eu poderia até ter brigado, mas para isso precisava da assinatura do meu orientador ratificando minha formatação, e eu não achei que ele  deveria ser incomodado com assunto de tamanha futilidade. Nem eu gostaria de sido importunado com isso.

Ao final do trabalho tive que imprimir minha tese quatro vezes e encadernar com capa preta e letras douradas, um texto que tinha numeração em romanos até certo ponto e arábico a partir deste. Tudo tinha que ser exatamente como idealizado na cabeça dos anciões da UFRJ, sem nenhuma vírgula fora do lugar.

A tese também inclui uma folha de catálogo, carinhosamente denominada ficha pentelhográfica. Esta parte da tese é tão meticulosamente formatada que até o espaçamento entre o título e o nome do autor tem que estar na conformidade dos padrões. Pensei até que iam colocar um papel matriz manteiga em cima da minha ficha, para facilitar a verificação, lembrando meus velhos tempos de desenho técnico.

Ficha catalográfica (ou pentelhográfica). 
A conclusão que chego é que nossas universidades ainda estão no tempo pré-internet, na época onde a padronização dos textos ajudava a encontrar mais rapidamente informações através de livros e impressos. Hoje em dia é risível que se queira procurar algo folha a folha, enquanto tudo que se escreve está no Google a alcance de um clique

Agora que cumpri todos os requisitos textuais que me impuseram e todas as bobagens de formato que molestaram minha paciência, está na hora de externar minha insatisfação. Gostaria de ter feito meus textos com capa azul, com minha foto na contracapa e com bibliografias separadas a cada seção. Queria ter impresso frente e verso, com margens diferentes para folhas pares e ímpares e com numeração contínua em arábico (romanos é o cacete). Nada disso diminuiria o conteúdo do meu trabalho.

Os alunos são os autores e, como tal, devem decidir qual a melhor forma de escrever seus trabalhos. O conteúdo deveria ser o mais importante, não a forma. Os manuais de formato poderiam e deveriam ser reduzidos à apenas uma página contendo tão somente o que deve estar presente em um texto científico. Deixem de pegar no pé do aluno na confecção de capa, enfeites e outras idiotices pois isso não é ciência, é apenas um sofrimento nada engrandecedor.

sábado, 26 de março de 2011

Transformando um antigo computador em um videogame

Nossa geração, o pessoal dos trinta, já viu passar os 386, 486, os primeiros Pentiums, os MMX, os pentium II, III IV e agora vê os dual e quad core dominarem o mercado. É bastante evolução para apenas 15 a 20 anos de computador pessoal.

Em todo este tempo, na maioria das vezes em que eu fazia um upgrade, ou seja, comprava um novo computador, o meu antigo ia para alguém que ainda não tinha um PC. Nunca consegui vender um computador usado mesmo a qualquer preço. A tecnologia faz tudo virar lixo eletrônico em um click de mouse.

Por causa do aumento no números de pessoas que possui computador, e da relativa diminuição de preço do produto, minhas últimas três gerações de PC estão aqui em casa mesmo, sendo que um está acumulando poeira e não serve para nada. Vender ou mesmo doar esta máquina está fora de cogitação, não roda nem o windows XP direito! Que dirá se for instalado algo mais moderno para as necessidades de hoje.

Resta então usar este computador para fazer estripulias usando linux, apenas para testes sem qualquer aplicação prática. Dentre estas peregrinações tive a idéia de transformar um PC antigo, um Celeron 2.66GHz, em um múltiplo videogame.

A máquina encostada possui grande poder de processamento, e embora não funcione bem com o XP Service Pack 3, pode-se rodar com folga todos os emuladores até o Playstation 1, bastando para isso possuir alguma aceleração 3D.

Colocando uma placa de vídeo RADEON 9200, que estava encostada aqui em casa, cumpri este requisito, e agora basta correr atrás de algum software que faça o "Front End" para os emuladores, ou seja, que crie uma interface fácil de usar para carregar os programas e os jogos.

Como inicialmente eu já estava inclinado a instalar um linux, tentei logo uma versão que vem com os emuladores incluídos, chamada Puppy Arcade. Abaixo há um vídeo encontrado no youtube que mostra a interface gráfica desta distribuição.


O Puppy já está na versão 10, sendo bastante fácil instalá-lo. Na verdade, você não precisa nem particionar o HD para testar, pois assim como várias distribuições de linux há um CD LIVE que pode ser baixado. O computador dá o boot direto pelo CD e carrega a interface gráfica para que você possa usar os emuladores.

Lógico que você ainda precisa baixar as ROMs, ou seja, cópias dos chips, cartuchos, CDs ou DVDs dos jogos originais. Existem muitos sites em que você pode fazer isso, entre eles o mameroms.co.cc, segaroms.co.cc, supernesroms.co.ccemulabr.com.brromhustler.netwww.rom-world.com e outros.

Com o HD, DVD ou Pendrive lotado dessas ROMs, o Puppy linux monta a unidade e você carrega os jogos clicando nos ícones na parte inferior da tela. Você pode jogar Arcade (fliperama) com o MAME, jogos de Mega Drive com o Picodrive, de Super Nintendo com o Snes9x, de Nintendo 64 com o Muppen e até mesmo arranhar games da década passada com o emulador Epsxe de Playstation 1.

O grande problema do Puppy é o mesmo de todo linux, peca na interface, na praticidade, na facilidade de configuração e na instalação de novos softwares. Depois de muito tempo consegui ajustar o sistema para ficar controlável usando-se apenas o Joystick, aspecto primordial em qualquer sistema que se propõe a ser um videogame. Mesmo assim não ficou como eu queria.

Alguns emuladores, dentre eles o muppen e o picodrive, não funcionaram muito bem no Puppy, travando e deixando a desejar em diversos momentos. Tentei buscar novas versões deles, mas sempre esbarrava na falta de desenvolvimento para linux. No final eu mesmo tinha que baixar os arquivos fontes para compilar o emulador na minha máquina, coisa que estoura a paciência de qualquer um.

Além disso, a saída de vídeo composto, necessário para ligar o computador-videogame à televisão, só funcionou depois que eu encontrei em um fórum do Ubuntu a idéia de editar um arquivo perdido no /etc/conf/. A falta de ajuda na internet para instalar ou configurar linux já é bem grande, imagina para uma versão não usual como este Puppy.

Depois de algumas semanas tentando configurar o muppen para jogar Mario64 direito, desisti do linux e resolvi instalar um windows XP antigo, sem service packs, que roda até muito bem no desgastado idoso Celeron. Já estava até pensando em fazer uma adaptação para transformar o Joystick em mouse, passando a carregar os jogos em ícones do desktop. Foi aí que eu esbarrei no software Maximus Arcade.


O Maximus não é um emulador, mas sim o chamado "Front End", um software capaz de criar uma interface gráfica para os programas emuladores. Aí é só criar um diretório para cada emulador que você quiser baixar, usando os links que eu passei anteriormente. No windows existem mais opções para emuladores, sendo o que o melhor para nintendo64 passa a ser o project64 e o melhor para Mega Drive passa a ser Fusion. Todos os outros funcionam da mesma forma, bastando para tal instalar a versão windows.

O Maximus tem uma tela de configuração onde se indica o diretório e arquivo executável de cada emulador, além da pasta onde estão as roms. A partir daí você passa a controlar toda a interface com o o Joystick, incluindo escolher o jogo, rodar o emulador, sair do jogo e desligar o computador. Um exemplo de configuração para o emulador de Mega-drive é mostrado abaixo:


Para funcionar corretamente, deve-se configurar o Joystick em cada emulador por fora do FrontEnd, e no Maximus deve-se indicar uma combinação de botões para sair do jogo e voltar à interface. Aqui no meu Joystick tipo PS2, eu ajustei para isso acontecer apertando-se as teclas SELECT+START por dois segundos. Ainda configurei para dar Shutdown no computador apertando L1+R1+L2+R2 por quatro segundos, assim eu não preciso de teclado ou mouse no PC. Tudo isso deve ser feito na tela "Controller Mapping" do Maximus, mostrada abaixo (setup 1 e 2).


Para facilitar o processo, fiz todas as configurações do MAXIMUS e dos emuladores usando meu PC principal e depois copiei todos os arquivos usando a rede para o computador a ser transformado em videogame. Fazer isso funcionar direito entre dois windows é barbada, muito mais fácil do que configurar qualquer distribuição linux. Depois foi só esperar algumas horas para transferir uns 30Gb de roms que eu arrumei e passar a ter milhões de joguinhos antigos, desde aqueles da década de 80 até os mais "novos" de 2000 e pouco.

O grande Enduro do ATARI e um joginho fraquinho de PS1. (O Enduro está na esquerda!).

Colocando o computador velho atrás da minha TV de tubo tenho disponível ao clique do Joystick praticamente todos os jogos de clássicos e mais qualquer coisa que eu ainda queira adicionar. O Maximus suporta uma lista gigante de videogames e emuladores facilmente baixáveis, como 3DO, Atari 2600, 5200, 7800, 800/800XL, Atari Jaguar, Lynx, CPS3, ColecoVision, Commodore 64, DOSBox, FinalBurn, Kawaks, Odyssey, MAME, MSX, NES, Super NES, Nintendo 64, Gameboy, Dreamcast, Master System, ZX Spectrum, Neo-Geo, PS1, PS2 e muitos outros. Lógico, tudo dependendo de quanto espaço e capacidade sua máquina antiga tiver.

No meu Celeron tudo funcionou menos o emulador de PS2. Embora o Maximus dê um pouco de trabalho para configurar, foi bastante fácil considerando as cabeçadas que eu dei no puppy. No final valeu a pena todo o trabalho, que só gerou um grande inconveniente. De tanto "testar" o novo videogame eu acabei viciado em MarioKart64, que eu vou jogar assim que terminar este texto. Here we go-oo!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Metrô da Uruguai, construído em 1982!

Com vinte e oito anos de atraso, o metrô finalmente chegará a rua Uruguai, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro.

Os túneis para a citada estação já foram cavados desde 1982, mas apenas agora começou-se as obras que construirão a estação e farão a colocação de trilhos. Por que a demora?

Embora tudo já estivesse planejado há tempos, inicialmente não houve demanda que sustentasse a finalização da estação. A partir do início de década 90 já era uma boa idéia desafogar o trânsito da praça Saens Pena, mas a esperança foi enterrada por uma sucessão de Moreira Franco, Marcelo Alencar e Garotinho. Depois o  metrô acabou privatizado e aí danou-se mesmo.

Depois de duas décadas de ruindade, coroadas com 18 mandatos do César Maia na prefeitura, a expansão do  metrô da capital fluminense só foi retomada no início dos anos 2000. O que nos foi prometido desde a década de 80 hoje virou fumaça, nem se fala da linha 1 em anel seguindo da Tijuca até a gávea, e mesmo a nova parada na tijuca será pelo menos a 200m do local correto, da rua que dá o nome à estação.

Mesmo assim estou comemorando. Quem viveu a década de 90 sabe o que é ver tudo piorar e nada ser feito. A estação, cerca de 250m daqui da minha casa já começou a ser construída, e deverá ser finalizada em cerca de 2 anos.

Deixo aqui um registro histórico deste memorável momento Tijucano: o início das obras da estação que deveria ser sido inaugurada em 82! Ainda há pouca movimentação de operários e a empreitada anda a passos de barata, mas este notável blogueiro conseguiu fotos exclusivas para alegrar o morador local!

Placa comemorativa do início das obras! (Será que estava escrito 82 e tiraram por vergonha?) 
Caminhonete do Metrô. Agora vai!

Três operários! Beleza, vai terminar rapidinho!

Rua Itacuruçá, uma das saídas da estação Uruguai. A foto é de 2011, mas bem poderia ser de 86.

Quando houver mais novidades faço outra postagem! Vamos torcer para que desta vez venha o progresso!