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sábado, 2 de janeiro de 2010

Natal de 1983

Na década de 70 não havia computador pessoal, celular ou internet. A diversão das crianças daquela época era jogar bolinha de gude, peão, andar de bicicleta, jogar bola e soltar pipa.

Mas a partir da década de 80 tudo mudou, foi a era do videogame. Bicicleta? Bola? Pipa? Isso tudo não me interessava. Eu queria era jogar videogame! Era apenas uma questão de tempo para que todas as crianças se viciassem na nova brincadeira, que mais tarde teria grande impacto na minha vida.

Para mim tudo começou no natal de 1983. Pedi para o meu pai, na verdade, para o papai Noel, um odyssey como o mostrado abaixo. Ainda bem que ele não me ouviu!

Embora bem mais interessante, o Odyssey 2 fez bem menos sucesso que o atari

O odyssey era uma droga, os jogos eram um lixo, além de caros. Ao invés disso, meu pai conseguiu comprar um Atari 2600 de segunda mão, as coisas estavam difíceis naquela época.

Atari 2600 original

Lembro-me do exato momento em que vi o videogame. Minha avó me chamou para me tapear enquanto meu pai e minha mãe escondiam o presente. Ao chegar na sala me disseram que papai Noel tinha vindo e deixado o que eu tinha pedido.

Procurei tanto tempo pela caixa do odyssey que tinha visto nas Lojas Americanas até que encontrei o aparelho de madeira mostrado na figura acima, um Atari 2600. Pensei que tinha sido culpa minha por não ter sido claro no meu pedido.

A frustração durou pouco porque gostei muito dos jogos. Lógico que os gráficos eram uma droga e o som ainda pior. No entanto, deve-se considerar que na época qualquer coisa era impressionante. Lembro-me da satisfação de controlar o bonequinho do "donkey kong" e o rato de "mouse trap", aquilo para mim era muito mais entretenimento que qualquer bola ou bicicleta, até porque eu morava em um apartamento e não havia espaço para isso.


Donkey Kong e Mouse Trap

Ao contrário de outras brincadeiras, o Atari exigia apenas uma TV e garantia horas de diversão. Era tudo que eu precisava! Quando eu cansei dos jogos que vieram originalmente não foi difícil ou caro conseguir outros. O Atari possuía um componente primordial para o sucesso, o mesmo que fez o PC e o PlayStation ficarem famosos - a pirataria.

Com um monte de fabricantes vendendo cartuchos compatíveis e jogos de atari, os anos se passavam e o videogame ficava mais interessante. Logo eu descobri os viciantes "Enduro" e "River Raid".

Enduro e River Raid

E depois vieram Keystone Kappers, Frostbite, Hero, Mr Postman, Adventure, Pac Man, Boxing, Spiderman, Frogger, Pitfall e outros. Sempre que você se cansava de um, podia arrumar outro. Como todas as crianças tinham Atari, não era dificil trocar cartuchos e garantir mais alguns dias de diversão.

Muitos jogos de Atari, lembra-se de todos?

Até que o videogame quebrou! Não há equipamento que aguente tanto tempo ligado. Primeiro foi a fonte, depois os controles, o cabo de RF, o adaptador "TV-GAME" e finalmente o console propriamente dito. Este último demorou 3 meses para consertar na assistência técnica, quase fiquei maluco com a abstinência.

Sempre que algo quebrava, eu e meu pai tentávamos desmontar para descobrir o defeito. Tivemos sucesso várias vezes mas sempre quebrava novamente. Não era chato, consertar proporcionava uma "diversão" adicional.

Tanto tempo que eu passava na frente da TV que quando eu tirava notas baixas na escola a culpa era sempre do videogame. Quanta injustiça! A solução era me proibir de jogar para que eu voltasse a estudar. Em uma dessas situações, minha mãe levou com ela a fonte do videogame (o adaptador AC) para que eu não me distraísse e estudasse para a prova. Mal ela sabia que eu conseguiria facilmente encontrar outra fonte de 9V e isso não iria me impedir! Só o que resolvia era esconder tudo: o console, os joysticks e os jogos.

Consertar os defeitos do Atari acabou fazendo com que eu me interessasse por eletrônica e mais a frente por computadores. Os jogos de videogame transformaram meus interesses e mudaram fortemente minhas aptidões. Tenho certeza que isso acabou me inclinando para a área de exatas e muito influenciou na escolha do curso técnico de Eletrônica no CEFET, e na escolha da faculdade de Engenharia anos mais tarde.

Lógico que eu ainda iria jogar Master System, Mega Drive, PlayStation e muitos outros jogos no PC. Só que nada disso teve o mesmo impacto, eram apenas evoluções do mesmo interesse despertado naquela natalina manhã de 25 de dezembro de 1983, quando colocamos a TV no canal 3 eu pude jogar Atari pela primeira vez.

terça-feira, 15 de abril de 2008

CEFET, a busca por educação de qualidade e quantidade.

Encontrei alguns dados bastante interessantes sobre o ENEM, o exame nacional do ensino médio. Nesta avaliação pode-se achar o CEFET, no qual eu trabalho como professor, entre as 20 melhores instituições de 2007 no município do Rio de Janeiro. Veja a lista: (completa no site do ENEM)


Um resultado, na minha opinião, muito bom. Apenas quatro destas 20 escolas são públicas, e dentre estas está o CEFET CELSO SUCKOW DA FONSECA, na honrosa 18ª posição.

Digo honrosa pois o CEFET não está ali para concorrer com as instituições privadas, que usam este resultado para angariar alunos e recursos. A posição é natural, sem pressões, muito mais difícil de obter.

Impressionante mesmo é a discrepância no número de alunos que fizeram o exame. O CEFET possui 271 formandos que participaram do ENEM, número bem superior à média das escolas privadas. Naturalmente é muito mais difícil aliar qualidade e quantidade, pois quanto menor o ambiente e maior a estrutura, menos mérito é necessário para se conseguir sucesso.

A maioria dos alunos do CEFET ainda cursam o ensino técnico concomitantemente ao ensino médio, tendo logicamente muito menos tempo para estudar. Muitos destes 271 alunos se formarão em Eletrônica, Eletrotécnica, Informática, Mecânica, Construção Civil, Turismo, Meteorologia e outros tantos cursos. Profissionais que chegam ao mercado muito mais cedo do que os do ensino superior, e com muita qualificação.

Gostaria de poder dizer que este mérito no ENEM é também meu, mas isso não seria possível. Primeiramente não sou professor do ensino médio, mas de Eletrônica, e isso obviamente não faz parte da prova. Em segundo lugar está o fato de que os alunos do CEFET são diferenciados, fazem um difícil concurso, certamente pertencem à uma elite intelectual invejável, que torna o processo pedagógico muito mais fácil.

Além disso, no CEFET não há pressão dos pais para aprovação daquele aluno problemático, problema tão freqüente nas instituições privadas. Os professores e alunos possuem liberdade para implementar suas idéias, sem a rígida disciplina dos colégios católicos presentes na lista. O ambiente é propício para o desenvolvimento de grandes mentes, não impõe uma cansativa e pouco edificante busca por resultados conforme os cursos pré-vestibulares, que também têm sua presença nos melhores do ENEM.

Falando assim, acho que a 18ª posição é até pouco, quem sabe um dia não estaremos no topo? Quem sabe não só este CEFET, mas muito outros que ainda estão sendo criados pelo governo Federal. Quem sabe um dia não poderemos aliar educação de qualidade e quantidade para todo o Brasil? Quem sabe?