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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Como a Globo vê seu público?

Estava em uma loja no shopping quando me deparei com um pequeno brinquedinho - o RoBBB. Pelo que percebi, ele é inspirado nas animações e na arte do Big Brother Brasil, da rede Globo.

Robbb, o Robô do BBB de um olho só.

RoBBB é até bem simpático à primeira vista, embora sua aparência grotesca tenha me levado a uma reflexão. Será que o brinquedo reflete a maneira com que a Rede Globo vê seu público? Teria o pessoal de arte da Globo, sem querer, deixado uma clara impressão de como a emissora encara àqueles que assistem seus programas.

O Robbb observa a casa do BBB, seus participantes e interações, exatamente como faz a audiência do enfadonho programa. Em outras palavras, o brinquedinho é parecido com os telespectadores, servindo assim como mascote de quem assiste Big Brother. Na minha opinião isso deve ser percebido como um grande desrespeito à nossa inteligência, e também ao Brasil como um todo.

O robô possui um corpo muito maior que os membros, barrigudinho eu diria, como se houvesse um sofá anexado ao corpo, típico de quem assiste TV por muito tempo e não sai da frente da tela. É assim que o telespectador do BBB é visto...

Rodas fazem o brinquedo deslizar pelo ambiente, embora possamos ter a impressão que não pode ir muito longe. Seus braços pequenos não permitem carregar ou fazer nada, talvez apenas segurar o controle remoto. Já percebeu o insulto? Tem mais...

A cabeça do robô foi o que me deixou mais ressabiado. O brinquedo possui apenas um olho que parece ocupar toda a cabeça. Um olho claramente maior que o cérebro! Como se quisesse passar a impressão que o telespectador não consegue computar ou pensar muito, apenas observar. O fato do robô ter apenas um olho me remete também a incapacidade de observações em profundidade, ou seja, o RoBBB encara a vida como quem assiste tv, assume como verdade tudo que uma tela 2D mostra, não há necessidade de pensar muito à fundo.

Sem querer, por certo, que isso aconteceu. Acho que ninguém da direção de arte da emissora fez o brinquedo com o intuito de nos diminuir ou ofender. Deve ter ocorrido um deslize inconsciente, que fez com que tenha sido retratado no brinquedo a imagem de um povo passivo, omisso e incapaz de um profundo raciocínio. Não podemos deixar que achem que somos assim!

Para aqueles quem vêem este programa, e no imaginário da direção da emissora se assemelham ao RoBBB, gostaria de mandar os seguintes recados:

- Perceba que a Globo vê no telespectador do Big Brother um ser incapaz de grandes raciocínios, com apenas um olho muito maior do que o cérebro. Que deseja observar a vida e nada mudar, adicionar ou questionar.

- Perceba que a Globo o vê como alguém facilmente hipnotizável por cenas brilhantes e mulheres semi-nuas, mesmo que não sejam muito bonitas e não tenham qualquer talento. Para a emissora você é uma pessoa que vai comprar sem questionar qualquer produto por mais inútil que seja.

- Perceba que enquanto a Globo continuar conseguindo boas audiências com este programa idiota, não investirá em cultura, arte ou qualquer outra coisa inteligente. É muito mais barato colocar 15 debilóides sem qualquer valor para ficar o dia inteiro em um ambiente confinado, falando bobagens e conspirando uns contra os outros.

Resta que as pessoas parem para refletir e mudem de canal. Quem sabe até mesmo desligar a TV e ir procurar o que fazer na internet. No orkut temos diversas comunidades que compartilham links e vídeos de programas de TV, nacionais e internacionais, dos mais variados assuntos. Algumas destas comunidades oferecem legendas para seriados de televisão antes destes passarem na TV à cabo. Se você tem condição de ter TV a cabo ou internet, aproveite e não aja o RoBBB, pare de "dar uma espiadinha" e pense no que assiste!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

The Big Bang Theory

Sou aficionado por sitcoms, um gênero de comédia, comum na TV americana, onde as piadas são originárias de situações cotidianas e engraçadas que ocorrem com os personagens.

Nos últimos anos, me decepcionei com a programação de televisão. Deprimia-me o fato de que todas as séries sitcoms que eu gostava tinham acabado há tempos: Friends em 2004, Seinfeld em 1998 e That 70's show em 2006. Nada as havia substituído com sucesso.

Não estou citando nada da TV Brasileira pois esta nunca me decepcionou. Sempre foi uma constante droga. Exceções poucas para Os Normais e A Grande Família.

Não que a TV americana seja muito melhor, mas a concorrência permite pelo menos espaço para vida inteligente. No Brasil só há produção decente na Globo, que gasta todo o orçamento montando novelas idiotas, com textos ridículos e risíveis, mesmo quando dramáticos.

De volta aos sitcoms, me deixava triste o fato de que o único seriado que assisto ainda em produção é Two and a Half Men, que começou em 2003 e possivelmente não dura muito mais de 2 ou 3 temporadas. Depois disso, o que?

Finalmente a esperança voltou quando assisti o que considero o melhor Sitcom de todos os tempos desde Friends, o novo seriado The Big Bang Theory (BBT), da americana CBS.

O enredo se passa na California, onde quatro nerds encaram os mais variados problemas devido à sua baixa habilidade social, que começa a aparecer fortemente quando Penny, uma aspirante a atriz, muda-se para o apartamento ao lado. Veja só uma cena da série:



O seriado é uma metralhadora de referências culturais e científicas diversas. Muitas vezes eu preciso encontrar o script (roteiro com as falas) na internet para entender o que se diz, mesmo quando assisto legendado.

Como são semelhantes os personagens com muitos de meus colegas. Lembro-me de um sem número de discussões sobre a física de Jornada nas Estrelas, sobre as incoerências da ficção científica e outros. Gosto da série principalmente pois me identifico com diversos personagens. Meu grupo de colegas parece muito com os nerds de BBT (por que será?).

A complexidade deveria tornar o seriado pesado, mas isso não acontece graças à incrível capacidade de roteiro e produção, que torna tudo engraçado. As semelhanças com Two and a Half Men (THM) não são apenas coincidências, a produção também é de Chuck Lorre.

Com a audiência da série aumentando, ao que parece tornando-se um sucesso absoluto, espero que THM e BBT dêem uma sobrevida aos sitcoms que tanto gosto, pelo menos mais uns cinco anos.

E depois é torcer para que novos projetos de promissores sitcoms surjam. Quem sabe alguns aqui na TV brasileira? Qual o problema disso?

Nossos escritores, roteiristas e artistas são bons, mas estão todos focados no enfadonho gênero noveleiro. Como precisam gravar todos os dias, a qualidade despenca para um total pastelão. Personagens que não parecem pessoas, sem sal, sem graça, sem qualquer apelo.

Um dia a inteligência terá espaço na TV brasileira, pois as novelas estarão destinadas ao fracasso quando as pessoas finalmente tiverem alguma outra opção. Não custa sonhar...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Criança Esperança - Ter um amigo?

Milhões de informações malucas circulam na internet sobre a campanha anual da rede Globo conhecida como Criança Esperança (CE). Os boatos são tão freqüentes que recentemente a própria Globo resolveu incluir em seu discurso que as "doações ao CE são depositadas diretamente na conta da Unesco". Há também muitas propagandas veiculadas em horário nobre que tentam mostrar a idoneidade da instituição e dos programas assistenciais.

O que quero questionar é que a Unesco é uma organização internacional, e isso que significa que a administração dos recursos oriundos do CE é feita por interventores nomeados pela Globo e pela própria Unesco. Por que deveríamos confiar nestas pessoas?

Não é a honestidade que eu coloco em foco, é adequação às nossas necessidades. Por que precisamos de uma ONG internacional para indicar projetos e propostas, ou seja, para administrar nosso dinheiro no nosso próprio país. Que recado o Brasil passa para o resto do mundo? Ineficiência, incapacidade, burrice?

As pessoas fazem as doações sem parar para pensar que estes mesmos recursos poderiam ser gerenciados pelo governo e aplicados em educação, saúde e habitação. Poderiam ir para as regiões que realmente precisam, de acordo com a forma que a gente achar melhor. A Globo não é governo e não tem autoridade para decidir o que é melhor para o povo, muito menos a Unesco.

Além disso, muitas dúvidas surgem e mostram a falta de transparência do Criança Esperança. Quais critérios são adotados para escolher um projeto em detrimento de outro? Como garantir que os recursos sejam aplicados de forma a realmente promover o bem estar social, não apenas uma maquiagem assistencialista para aparecer na TV?

Se o governo recebesse estas doações também poderia fazer assistencialismo eleitoral, sem dúvida, mas pelo menos a sociedade brasileira teria participação no processo de escolha do emprego dos recursos. Vereadores, Senadores, Prefeitos e Governadores são eleitos pelo Povo, e representam sua vontade. Quem não estiver satisfeito com a forma com que o dinheiro público está sendo investido pode encher as caixas de e-mail de políticos e partidos, pode fazer manifestações, escrever em blogs na internet e até mesmo votar em outros que melhor alinhem-se com sua ideologia. A eleição é o momento em que eu escolho quais políticos representarão minha vontade nos próximos anos.

Voltando ao CE, Segundo esta página, os projetos são escolhidos através de uma comissão de especialistas, os tais interventores, da Unesco e da TV Globo. Ou seja, estas pessoas elegeram a si mesmas representantes do povo e administrarão recursos doados da forma como melhor convir. Que absurdo! Quem faz doação deve pensar nisso, pois é com este dinheiro que a Globo e estas pessoas estão querendo agir como o governo, escolhendo quem merece ser agraciado com recursos.

Na minha opinião, se o Criança Esperança tem realmente boas intenções deve abrir suas contas e responder com transparência e honestidade as seguintes perguntas:

- As propagandas que patrocinam os shows são pagas? Este dinheiro é depositado em sua totalidade nas doações? Qual o valor?

- Os artistas recebem ou pagam para aparecer? Para onde vai ou de onde vem estes recursos? Qual o valor?

- Os técnicos e profissionais recebem normalmente, incluindo horas extras? Se sim, quem paga estes custos? As Doações, a Unesco ou a Globo? Qual o valor?

- A Globo debita algo no seu imposto de renda? As doações, o custo do show, o tempo de programação, o custo com funcionários?

- A Globo fica com alguma parte das doações, da propaganda ou qualquer outra parte para cobrir seus custos? Se fica, quanto?

- Qual o salário dos Especialistas da Unesco e da TV Globo? Quanto ganham coordenadores, colaboradores, consultores e principalmente aqueles que julgam os projetos? Quem paga estes salários? A Globo, as doações ou a Unesco? Qual o valor?

Ninguém sabe nada disso. Há muito menos transparência no Criança Esperança que na maioria dos projetos e licitações do governo. Acho que é dever da emissora tornar isso mais claro para seus doadores. Se quer fazer política social como se fosse governo, então tem que fazer com transparência. É um direito de quem está fazendo as doações!

Não tem gente que se irrita quando lembra que o povo paga mais de 10 mil reais de salário para um senador? Será que alguma parte das doações é paga para diretores, interventores, colaboradores ou alguém mais da Globo ou da Unesco? Quero saber isso!

Tem que dar exemplo, não é mesmo? Se possui um jornalismo que tanto cobra do governo por seriedade, por uso honesto e não-eleitoreiro do dinheiro público então o mínimo que se espera é que tenha este mesmo ímpeto para responder todos os boatos que existem, e tornar o Criança Esperança mais respeitoso com seus milhões de doadores.

Como diz a música, "na vida é tão bom ter amigos"! Não tenho dúvida disso, mas desconfio que desta forma somos mais amigos da Globo do que de quem precisa...