domingo, 25 de setembro de 2016

Selva Amarela

Assisti aos capítulos finais de Velho Chico e achei a novela introspectiva demais. Foi incomum, atípico para o formato.

Até certo ponto interessante, pena que repetitivo, como todo tipo de produção com exibição diária.

Em um dado momento ouço Fagundes mandar um papo de "rouba mas faz", que parece ter sido o ápice da ideologia rala, mal pensada e desconectada da realidade que seguiu o folhetim.

Artisticamente falando, nota-se o absurdo da iluminação e maquiagem exageradamente amarela. Muito cansativa. Tudo se passa às 5 da tarde? O nordeste não é assim não...

Os diálogos lembram uma trama de cariocas que se mudou para as margens do rio São Francisco.

A fotografia é fantástica. Não podia deixar de ser. Fugiu, finalmente, do formato multi-câmera que regia todas as produções noveleiras da Globo. O que não se usa em drama desde a década de 70 nas TVs americanas.

Um avanço, pena que tão tarde. Continua difícil de assistir, como se fosse um remake artístico de "Selva de Pedra". Quem sabe "Selva Amarela"?

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Lavillenie e as vaias


Eu não vi nada de absurdo nas vaias que recebeu o francês Lavillenie durante a final do salto com vara. Nem eu nem o jornal francês Le Monde, que aliás condenou fortemente seu compatriota pelos comentários ridículos nos comparando a nazistas.
A verdade é que Lavillenie não estava no seu melhor naquele dia. Quando tentou o salto que poderia ter-lhe dado o ouro pela primeira vez até tomou uma pequena vaia, mas depois muitos bateram palmas marcando o passo para a tentativa de seu salto, que naquele momento já desbancaria o brasileiro.


Depois que o Thiago Braz pulos seus incríveis seis metros e pouco, o francês se viu em posição de extrema pressão, e neste momento a multidão fez muito mal em vaiar. Deveria ter gritado Allez le Bleu e cantado La Marseillaise a capella e ainda sim veria Lavillenie perdendo a chance de seu derradeiro salto, pois havia errado há alguns minutos outros menos difíceis.

Sentiu a pressão, sentiu a dificuldade de fazer ao vivo, naquele momento, sendo o campeão mundial. Isso acontece com nossos atletas, com todo mundo na verdade. As vaias não foram 1% da sua derrota, e como grande campeão o francês deveria ter tido espírito olímpico para reconhecer isso.
Não cumprimentar o brasileiro foi a gota d'água. Dá-lhe vaia, agora totalmente merecida! Não duvido nada que se a situação fosse inversa o brasileiro seria escoltado a uma embaixada para ser imediatamente deportado.
Hoje 17 de agosto de 2016, em entrevista à Globo, Lavillenie afirmou que não quis dizer que o Brasil era nazista. O que quis dizer então? Isso não ficou muito claro. Pediu umas desculpas esfarrapadas e continua dizendo, embora de forma mais escorregadia, que a multidão reagiu com o mesmo tratamento que os nazistas deram a Jesse Owens. Ao que parece a vitória do Thiago Braz abalou muito mais que qualquer vaia ou ação que a gente faça. C'est la vie...
http://sportv.globo.com/site/programas/rio-2016/noticia/2016/08/campeao-olimpico-critica-lavillenie-por-nao-cumprimentar-braz-desrespeito.html

sábado, 9 de julho de 2016

Allez les Bleus droga nenhuma...

Procurei na imprensa internacional a história de que a frança "mudou" ou "está mudando" a legislação para extender a semana de trabalho para 80 horas e nada encontrei de primeira. NADA! Depois de muita procura, encontrei artigos do início do ano dizendo que o governo Francês está tentando discutir a possibilidade de mudança na semana de 35 horas atualmente adotada (desde 2000), e isso está gerando uma onda de protestos. Depois de procurar muito mais, encontrei no Le Monde que o senado Francês já revogou a semana de 35 horas, e sem esta cláusula a maioria dos trabalhadores deve trabalhar 39 horas. Nada de 80 na imprensa, mesmo em francês! Ninguém na França aparentemente está querendo mudar a legislação para 80 horas, estão querendo apenas relaxar a cláusula de 35 horas máxima, quem sabe para 38, 39, 40, 44, 48 ou 60? Não encontro nenhuma menção ao número 80. Veja este parágrafo do Le Monde publicado em 28 de junho (traduzido pelo Google Translate): "Entre as disposições mais emblemáticas aprovadas no palácio do Luxemburgo , existe a revogação total das 35 horas. Ela foi aprovada no exame do artigo 2º do texto, que estabelece a primazia dos acordos de empresas sobre os assinados pelos ramos do tempo de trabalho. Uma medida denunciada por vários sindicatos e parte da esquerda, porque seria susceptível de incentivar a proposta mais baixa sociais entre a empresa do mesmo setor. Senadores direita e centro , que apoiaram o artigo 2, ter alterado mediante a supressão do termo "horas oficiais de trabalho" para substituir por um "período de referência" a ser fixado pelo acordo de empresa ; na ausência de acordo, os trabalhadores repasseraient a 39 horas por semana." Veja este parágrafo do USNEWS de março deste ano: "The proposal technically maintains the 35-hour workweek, but allows companies to organize alternative working times without following industry-wide deals, up to a 48-hour workweek and 12 hours per day. In "exceptional circumstances," employees could work up to 60 hours a week." Aqui no Brasil toda a mídia golpista e mentirosa divulgou que a França já mudou para 80, e todo mundo acreditou! http://www.lemonde.fr/politique/article/2016/06/28/loi-travail-les-senateurssuppriment-les-35-heures_4959518_823448.html http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/france/12120927/France-reviews-its-35-hour-working-week.html http://www.huffingtonpost.ca/2016/03/24/france-presents-contested-reform-to-35-hour-workweek_n_9541224.html http://www.usnews.com/news/business/articles/2016-03-09/france-faces-day-of-protests-over-labor-reform-train-strike

terça-feira, 12 de abril de 2016

Franquia para uso de banda larga fixa

A limitação de dados ou franquia para uso de internet banda larga fixa é uma ideia estranha com finalidade desvirtuada e extremamente suspeita. Pense comigo:

1) Se é para "ganhar mais dinheiro", por que eles não aumentam o preço da assinatura?
A limitação ou franquia só funcionaria se todas as operadoras resolvessem aplicar a regra, certo? Se há então, um cartel, por que Oi, Vivo e TIM brigam por esta bobagem? Basta subir os preços! Quer ganhar quanto?

2) Se é para garantir melhor qualidade evitando os usuários que "entopem a rede", por que não fazem (mais) "traffic shaping"?
Não precisa de limitação de franquia para derrubar usuário que "usa muito", basta aplicar regras de "shaping". Eles já fazem isso, todos nós sabemos, e se alguém ligar reclamando vão dizer que "está em manutenção" ou "garantimos apenas 20% da banda" até o usuário entender que tem que pagar mais.

Qual o real motivo?
Para mim, estes duas desculpas não colam. Por trás da imposição da franquia há interesse em reduzir a influência do Google, NetFlix, Facebook e outros gigantes que competem fortemente por mídia e por receita com comerciais. As operadoras também vendem TV a cabo e tem interesse estratégico nesta área.

O Google, por exemplo, já é o segundo lugar (no Brasil) em receita com propaganda e o Facebook está bem perto. O NetFlix começa a incomodar os grupos de mídia e já ultrapassa em audiência quase todos menos a Globo.

Quem realmente tem a perder com isso está tentando de tudo para impedir que seu império desmorone. Mas isso é inevitável.

Inevitável?
Sim, não vai funcionar. O NetFlix, assim como o Youtube, funcionam bem em baixa velocidade e basta reduzir a qualidade para assistir (pelo menos moderadamente) sem afetar fortemente a franquia. Além disso, as pessoas vão reclamar MUITO e vai ficar difícil impor limitação a qualquer custo.
Não tem jeito, está decretado o fim da mídia tradicional. E eles estão desesperados...

sexta-feira, 18 de março de 2016

O terrorismo na educação e os pesadelos dos torturados!

Você possui pesadelos recorrentes?

Não estou falando sobre sonhos comuns como estar voando, sendo perseguindo ou caindo de algum lugar. Falo sobre aqueles que se repetem com freqüência e são lembrados mesmo horas após acordar. Daqueles que incomodam o sono e o descanso noturno.

Escrevo sobre isso pois tenho este problema. Nesta semana, por exemplo, tive três vezes o mesmo pesadelo, em dias diferentes. Resolvi então escrever neste Blog analisando os motivos pelo qual acho que isso acontece.

O enredo do sonho é variado, faz uma confusão com diversos diferentes lugares em que estive na vida, mas acaba sempre no mesmo ponto. Percebo que, para minha surpresa, estou reprovado em alguma matéria da faculdade, por nota ou por faltas. Argumento com o professor, tento usar qualquer artifício para conseguir uma nova chance, mas não há o que fazer.

Às vezes, é ainda pior. Verifico que algo que fiz, ou não fiz, causará grande dano à toda a graduação. Uma matéria que pulei, uma inscrição que não foi aceita, uma requisição que esqueci de fazer. É normalmente por aí que acordo e percebo que tudo não passou de um truque do cérebro. O que ele está querendo me dizer?

Estamos em 2010 e neste momento não estou cursando mais matérias, acabei a faculdade há oito anos. Nunca fui reprovado em nada, nem no ensino médio, nem na graduação. Em poucos casos eu tive que fazer alguma prova final. Sempre fui bom aluno e estive sempre bem longe da degola. Por que este sonho é tão recorrente se nada disso jamais ocorreu?

Simples, tudo se resume ao que chamo de terrorismo na educação. É assim que alguns professores aprenderam a chamar nossa atenção e nos forçar a estudar. Tive muitos destes. Surpreendem a turma com uma primeira prova bem difícil para que todos prestem melhor atenção nas aulas para a segundo prova. Parece familiar?

Outra técnica. Entram em sala e criticam as notas dos alunos, fazendo de tudo para chamá-los de burros sem precisar fazê-lo. Avisam que apenas 10% da turma costuma passar e ameaçam que os resultados precisam melhorar ou a reprovação será iminente.

Durante a graduação foram mais de 200 provas e trabalhos valendo nota. Pelo menos em 1/4 destas avaliações havia grande potencial de reprovação. Apenas uma nota baixa poderia me levar para a prova final. Um pequeno deslize e tudo que eu tinha construído poderia ser derrubado. Esta é a sensação que passei por grande parte da minha faculdade.

Formei-me e meu diploma está emoldurado na parede do meu quarto. Mesmo que eu tenha vencido todas as dificuldades, posso dizer que não foi intacto. Existe dano psicológico causado pelo stress e isso ainda vai me deixar com pesadelos por mais alguns anos.

No entanto, há algo de sério em uma conclusão que tirei disso tudo, e deixo neste texto como recado para todos os professores. O terrorismo na educação não atinge aqueles alunos que não querem nada, que passam a faculdade a vadiar e colar nas provas. São os melhores alunos que mais sofrem, aqueles que se esforçam para aprender e fazer o melhor, apesar de tudo.