sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A mania dos formatos na área acadêmica

A graduação, mestrado e o doutorado deveriam ter foco na pesquisa, no desenvolvimento de ciência, naquilo que cada aluno tem capacidade de contribuir com seu trabalho. Mas, infelizmente, nem todos compartilham desta ideia, as universidades e grande parte da comunidade docente ainda exige que se cumpram obrigações muito de longe daquilo que pode-se considerar útil para a humanidade.

O primeiro e mais importe entrave comum nas universidades brasileiras é a mania pelos formatos, pela padronização. Eu que fiz graduação, mestrado e doutorado em instituições diferentes, vivi a necessidade de me adaptar a diversas situações de texto e apresentação. Tudo uma bobagem.

Todos em nome da ABNT, associação brasileira de normas técnicas, as faculdades resolvem exigir que se os trabalhos sejam escritos seguindo manual próprio, elaborado pelos anciões das universidades, que tem o grande e enfadonho objetivo de colocar-se como pedra no sapato do aluno, arbitrando como deverão ser diagramados nossos cabeçalhos, títulos, margens, numerações, legendas e bibliografia. Tudo pelo sagrado bem da universalidade.

O pior é que a ABNT, santificada entidade dos formatos, tem seu nome pronunciado em vão, pois muito pouco tem influência nas idéias absurdas que se perpetuam nas faculdades do país. O documento que existe registrado nas normas técnicas é a NBR-14724, que em apenas 7 páginas define algumas poucas linhas daquilo que deve estar contido em um trabalho científico. Por exemplo: deve haver uma introdução, conclusão, resumo em português e em língua estrangeira. Nada de prender os formatos, apenas recomenda-se que o texto seja impresso em A4.

Como a NBR é muito genérica, as faculdades, cursos, universidades e coordenações resolveram criar, cada uma delas, um enorme manual de como escrever teses, dissertações e trabalhos de fim de curso. O manual da COPPE/UFRJ, por exemplo, possui 34 páginas e tenta colocar todos os alunos no mesmo barco furado da formatação de texto, desde a capa até a última folha.

E não ache que estas regras são apenas para ajudar os alunos sem imaginação. Se você resolver fazer diferente vai gerar um monte de problemas. Eu, por exemplo, tive que tirar, às pressas, um pequeno cabeçalho que colocava em cada página com o nome da seção e subseção que estava sendo lida. 

Embora não haja nada, nas 34 páginas do manual, que impeça esta modificação, a comissão de registro me informou que todos os cabeçalhos de página devem ser iguais. Ponto final. Eu poderia até ter brigado, mas para isso precisava da assinatura do meu orientador ratificando minha formatação, e eu não achei que ele  deveria ser incomodado com assunto de tamanha futilidade. Nem eu gostaria de sido importunado com isso.

Ao final do trabalho tive que imprimir minha tese quatro vezes e encadernar com capa preta e letras douradas, um texto que tinha numeração em romanos até certo ponto e arábico a partir deste. Tudo tinha que ser exatamente como idealizado na cabeça dos anciões da UFRJ, sem nenhuma vírgula fora do lugar.

A tese também inclui uma folha de catálogo, carinhosamente denominada ficha pentelhográfica. Esta parte da tese é tão meticulosamente formatada que até o espaçamento entre o título e o nome do autor tem que estar na conformidade dos padrões. Pensei até que iam colocar um papel matriz manteiga em cima da minha ficha, para facilitar a verificação, lembrando meus velhos tempos de desenho técnico.

Ficha catalográfica (ou pentelhográfica). 
A conclusão que chego é que nossas universidades ainda estão no tempo pré-internet, na época onde a padronização dos textos ajudava a encontrar mais rapidamente informações através de livros e impressos. Hoje em dia é risível que se queira procurar algo folha a folha, enquanto tudo que se escreve está no Google a alcance de um clique

Agora que cumpri todos os requisitos textuais que me impuseram e todas as bobagens de formato que molestaram minha paciência, está na hora de externar minha insatisfação. Gostaria de ter feito meus textos com capa azul, com minha foto na contracapa e com bibliografias separadas a cada seção. Queria ter impresso frente e verso, com margens diferentes para folhas pares e ímpares e com numeração contínua em arábico (romanos é o cacete). Nada disso diminuiria o conteúdo do meu trabalho.

Os alunos são os autores e, como tal, devem decidir qual a melhor forma de escrever seus trabalhos. O conteúdo deveria ser o mais importante, não a forma. Os manuais de formato poderiam e deveriam ser reduzidos à apenas uma página contendo tão somente o que deve estar presente em um texto científico. Deixem de pegar no pé do aluno na confecção de capa, enfeites e outras idiotices pois isso não é ciência, é apenas um sofrimento nada engrandecedor.

domingo, 19 de junho de 2011

Mas que merda, Sr. Professor! - Educação Física

ATENÇÃO! Este texto está escrito em formato de caricatura, ou seja, de forma exagerada e humorística. Apesar disso não se perde o principal objetivo: reclamar do horrível ensino que tive quando adolescente na década de 80. Vale lembrar que qualquer semelhança com a realidade deve, muito possivelmente, ser uma mera coincidência. Se você "ama" qualquer uma das disciplinas desta série de textos e não concorda com este blog sinta-se livre para comentar, ou então saia da internet e vá ler um livro!
Este texto continua a já famosa série "mas que merda, Sr. Professor". Se você chegou aqui de sopetão e ainda não leu o que escrevi sobre História, Geografia ou Português, provavelmente não perdeu nada. Um dia esta coletânea de bobagens estará em um livro que será queimado na fogueira santa de todas as escolas deste Brasil.

Confuso com o objetivo deste que vos escreve? Então leia a introdução e não fique com raiva de mim, este não é um ataque pessoal, é apenas uma crítica sobre o ensino da minha época, que pode muito bem não ter mudado nada até hoje!

Aos apaixonados pelas disciplinas que aqui maltrato, peço prévias desculpas. Ah! Os apaixonados! Nada percebem além da beleza daquilo que idolatram. Falo com experiência, pois eu costumava ser assim com uma certa matéria, uma tal de Matemática. Esta batata ainda está assando!

Com pouco tempo nos últimos meses, resolvi deixar um bônus e escrever sobre uma disciplina a qual não se dá a devida importância - Educação Física. O que será que eu apreendi nos mais de oito anos disso?

Não sei hoje, mas no meu tempo Educação Física era uma matéria sem ementa, sem conteúdo, sem sentido e sem teoria. Consistia, tão somente, em correr da esquerda para direta e de baixo para cima. Nada contra o objetivo cardiovascular, aeróbico, respiratório ou o que quer que seja, mas será que não havia nada a ser ensinado?

Existe muita ciência nesta área e poderia ter sido aproveitada para consumir o tempo que foi disponibilizado. Ninguém aprende qual a maneira certa de alongar, como ganhar massa muscular, como perder peso, o que comer antes de fazer exercícios e como fazer aquecimento. Nada! Apenas polichinelos, flexões e correr até cansar.

A maioria dos professores de educação física nem aplica prova, ou seja, não há avaliação. Faz sentido, pois nada foi ensinado. Acaba se passando a clara impressão de que tudo é inútil e só serve para suar o uniforme. Por causa disso, pertenço hoje a uma geração ignorante no que diz respeito ao próprio corpo. Um pessoal que busca, depois de velho, frequentar academias para aprender o que não teve na escola.

O pior é quando os gênios professores da área resolvem preencher o vazio da ementa com regras de futebol de salão, basquete ou handebol. Parece até mais divertido do que correr a esmo pela quadra como barata tonta, mas acaba mesmo servindo como uma recreação, não como um conteúdo de qualidade. Será que isso é realmente importante?

Saber quantos segundos se pode ficar com a bola em baixo da cesta só serve aos apaixonados. Ah! Os apaixonados! Estes não nunca entenderão que para mim pouco importa aprender regras de qualquer esporte que a gente só vê nas olimpíadas.

O pior de Educação Física são os horários e condições de ensino. Na minha época eu tinha que chegar antes das sete da manhã, trocar de roupa e começar a correr no frio mesmo. Depois do suadouro, hora de seguir para o vestiário onde não havia outra opção além de tomar um torturante banho super gelado, seguido de uma corrida para não chegar atrasado na próxima aula. O mais insuportável era ter que passar o dia inteiro suado, torto e com a roupa molhada na mochila.

É inacreditável que até hoje nada se tenha feito para melhorar este martírio. Será que os apaixonados acham o sofrimento engrandecedor? Alguém lembra disso com mimos e carinhos?

A matéria falha pois nada se ensina, não parece haver ementa nem conteúdo. Gastamos nosso precioso tempo de adolescente escorregando, tomando bolada, suando a camisa a aprendendo a jogar três cortes, enquanto o mais importante não é passado. Teria sido tão útil aprender a fazer exercícios corretamente, sem sobrecarregar a coluna, ter descoberto como ganhar ou definir músculos, como perder peso ou gordura localizada.

Com todos estes problemas nem se pode condenar aqueles alunos que passaram a vida inteira fugindo de Educação Física, na onda dos atestados médicos e desculpas esfarrapadas. É uma pena, pois ter contato com atividade física de qualidade é muito mais importante do que o monte de besteiras que tivemos que aprender no nosso tempo de estudante.

Mas não se preocupe pois estes textos ainda tem muita gordura para queimar. Enquanto aguarda o próximo, que tal um pouco de exercício? Tudo mundo no chão! 10 flexões!

sábado, 26 de março de 2011

Transformando um antigo computador em um videogame

Nossa geração, o pessoal dos trinta, já viu passar os 386, 486, os primeiros Pentiums, os MMX, os pentium II, III IV e agora vê os dual e quad core dominarem o mercado. É bastante evolução para apenas 15 a 20 anos de computador pessoal.

Em todo este tempo, na maioria das vezes em que eu fazia um upgrade, ou seja, comprava um novo computador, o meu antigo ia para alguém que ainda não tinha um PC. Nunca consegui vender um computador usado mesmo a qualquer preço. A tecnologia faz tudo virar lixo eletrônico em um click de mouse.

Por causa do aumento no números de pessoas que possui computador, e da relativa diminuição de preço do produto, minhas últimas três gerações de PC estão aqui em casa mesmo, sendo que um está acumulando poeira e não serve para nada. Vender ou mesmo doar esta máquina está fora de cogitação, não roda nem o windows XP direito! Que dirá se for instalado algo mais moderno para as necessidades de hoje.

Resta então usar este computador para fazer estripulias usando linux, apenas para testes sem qualquer aplicação prática. Dentre estas peregrinações tive a idéia de transformar um PC antigo, um Celeron 2.66GHz, em um múltiplo videogame.

A máquina encostada possui grande poder de processamento, e embora não funcione bem com o XP Service Pack 3, pode-se rodar com folga todos os emuladores até o Playstation 1, bastando para isso possuir alguma aceleração 3D.

Colocando uma placa de vídeo RADEON 9200, que estava encostada aqui em casa, cumpri este requisito, e agora basta correr atrás de algum software que faça o "Front End" para os emuladores, ou seja, que crie uma interface fácil de usar para carregar os programas e os jogos.

Como inicialmente eu já estava inclinado a instalar um linux, tentei logo uma versão que vem com os emuladores incluídos, chamada Puppy Arcade. Abaixo há um vídeo encontrado no youtube que mostra a interface gráfica desta distribuição.


O Puppy já está na versão 10, sendo bastante fácil instalá-lo. Na verdade, você não precisa nem particionar o HD para testar, pois assim como várias distribuições de linux há um CD LIVE que pode ser baixado. O computador dá o boot direto pelo CD e carrega a interface gráfica para que você possa usar os emuladores.

Lógico que você ainda precisa baixar as ROMs, ou seja, cópias dos chips, cartuchos, CDs ou DVDs dos jogos originais. Existem muitos sites em que você pode fazer isso, entre eles o mameroms.co.cc, segaroms.co.cc, supernesroms.co.ccemulabr.com.brromhustler.netwww.rom-world.com e outros.

Com o HD, DVD ou Pendrive lotado dessas ROMs, o Puppy linux monta a unidade e você carrega os jogos clicando nos ícones na parte inferior da tela. Você pode jogar Arcade (fliperama) com o MAME, jogos de Mega Drive com o Picodrive, de Super Nintendo com o Snes9x, de Nintendo 64 com o Muppen e até mesmo arranhar games da década passada com o emulador Epsxe de Playstation 1.

O grande problema do Puppy é o mesmo de todo linux, peca na interface, na praticidade, na facilidade de configuração e na instalação de novos softwares. Depois de muito tempo consegui ajustar o sistema para ficar controlável usando-se apenas o Joystick, aspecto primordial em qualquer sistema que se propõe a ser um videogame. Mesmo assim não ficou como eu queria.

Alguns emuladores, dentre eles o muppen e o picodrive, não funcionaram muito bem no Puppy, travando e deixando a desejar em diversos momentos. Tentei buscar novas versões deles, mas sempre esbarrava na falta de desenvolvimento para linux. No final eu mesmo tinha que baixar os arquivos fontes para compilar o emulador na minha máquina, coisa que estoura a paciência de qualquer um.

Além disso, a saída de vídeo composto, necessário para ligar o computador-videogame à televisão, só funcionou depois que eu encontrei em um fórum do Ubuntu a idéia de editar um arquivo perdido no /etc/conf/. A falta de ajuda na internet para instalar ou configurar linux já é bem grande, imagina para uma versão não usual como este Puppy.

Depois de algumas semanas tentando configurar o muppen para jogar Mario64 direito, desisti do linux e resolvi instalar um windows XP antigo, sem service packs, que roda até muito bem no desgastado idoso Celeron. Já estava até pensando em fazer uma adaptação para transformar o Joystick em mouse, passando a carregar os jogos em ícones do desktop. Foi aí que eu esbarrei no software Maximus Arcade.


O Maximus não é um emulador, mas sim o chamado "Front End", um software capaz de criar uma interface gráfica para os programas emuladores. Aí é só criar um diretório para cada emulador que você quiser baixar, usando os links que eu passei anteriormente. No windows existem mais opções para emuladores, sendo o que o melhor para nintendo64 passa a ser o project64 e o melhor para Mega Drive passa a ser Fusion. Todos os outros funcionam da mesma forma, bastando para tal instalar a versão windows.

O Maximus tem uma tela de configuração onde se indica o diretório e arquivo executável de cada emulador, além da pasta onde estão as roms. A partir daí você passa a controlar toda a interface com o o Joystick, incluindo escolher o jogo, rodar o emulador, sair do jogo e desligar o computador. Um exemplo de configuração para o emulador de Mega-drive é mostrado abaixo:


Para funcionar corretamente, deve-se configurar o Joystick em cada emulador por fora do FrontEnd, e no Maximus deve-se indicar uma combinação de botões para sair do jogo e voltar à interface. Aqui no meu Joystick tipo PS2, eu ajustei para isso acontecer apertando-se as teclas SELECT+START por dois segundos. Ainda configurei para dar Shutdown no computador apertando L1+R1+L2+R2 por quatro segundos, assim eu não preciso de teclado ou mouse no PC. Tudo isso deve ser feito na tela "Controller Mapping" do Maximus, mostrada abaixo (setup 1 e 2).


Para facilitar o processo, fiz todas as configurações do MAXIMUS e dos emuladores usando meu PC principal e depois copiei todos os arquivos usando a rede para o computador a ser transformado em videogame. Fazer isso funcionar direito entre dois windows é barbada, muito mais fácil do que configurar qualquer distribuição linux. Depois foi só esperar algumas horas para transferir uns 30Gb de roms que eu arrumei e passar a ter milhões de joguinhos antigos, desde aqueles da década de 80 até os mais "novos" de 2000 e pouco.

O grande Enduro do ATARI e um joginho fraquinho de PS1. (O Enduro está na esquerda!).

Colocando o computador velho atrás da minha TV de tubo tenho disponível ao clique do Joystick praticamente todos os jogos de clássicos e mais qualquer coisa que eu ainda queira adicionar. O Maximus suporta uma lista gigante de videogames e emuladores facilmente baixáveis, como 3DO, Atari 2600, 5200, 7800, 800/800XL, Atari Jaguar, Lynx, CPS3, ColecoVision, Commodore 64, DOSBox, FinalBurn, Kawaks, Odyssey, MAME, MSX, NES, Super NES, Nintendo 64, Gameboy, Dreamcast, Master System, ZX Spectrum, Neo-Geo, PS1, PS2 e muitos outros. Lógico, tudo dependendo de quanto espaço e capacidade sua máquina antiga tiver.

No meu Celeron tudo funcionou menos o emulador de PS2. Embora o Maximus dê um pouco de trabalho para configurar, foi bastante fácil considerando as cabeçadas que eu dei no puppy. No final valeu a pena todo o trabalho, que só gerou um grande inconveniente. De tanto "testar" o novo videogame eu acabei viciado em MarioKart64, que eu vou jogar assim que terminar este texto. Here we go-oo!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Mas que merda, Sr. Professor! - Português

ATENÇÃO! Este texto está escrito em formato de caricatura, ou seja, de forma exagerada e humorística. Apesar disso não se perde o principal objetivo: reclamar do horrível ensino que tive quando adolescente na década de 80. Vale lembrar que qualquer semelhança com a realidade deve, muito possivelmente, ser uma mera coincidência. Se você "ama" qualquer uma das disciplinas desta série de textos e não concorda com este blog sinta-se livre para comentar, ou então saia da internet e vá ler um livro!
Esta é uma série de textos destinada a falar mal, e muito, do ensino no Brasil. Leia a introdução para entender os objetivos e se não tiver mais o que fazer dê uma lida no descascado que dei em História e Geografia.

Agora, vamos falar mal de Português! Por onde começar? Bom, primeiro pelo correto nome da disciplina, que para parecer mais pomposa é chamada Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Tenho, então, que criticar duas matérias, a primeira parte que inclui gramática, ortografia, regência, interpretação e a segunda que inclui, obviamente, livros.

Focando-se na primeira parte, pode até parecer difícil descer a lenha em quem ensinou a escrever os ácidos textos deste Blog. E realmente seria, não fosse exatamente este o problema.

Em todos os meus estudos de Português, na maioria do tempo dava-se elevada importância a classificar palavras ou frases usando algum tipo de lógica. Análise sintática, classes gramaticais, conjunções e tempos verbais são exatamente isso, métodos de classificação. Na vida prática, para que serve tudo isso?

Embora possa parecer relevante começar esta frase com uma bela conjunção concessiva, certamente seria melhor focar no correto uso desta dentro de um texto. No entanto, este nunca foi o objetivo da matéria, como mostra esta oração coordenada adversativa. Ensinaram-me, com ênclise, regras idiotas sem qualquer utilidade, especificamente para cobrar em prova e fazer todos acreditarem que aprenderam.

Temos tantos jornalistas que escrevem muito bem sem nunca terem frequentado mais que o fundamental. São por certo autodidatas, pois mesmo que tivessem o médio completo nada teria acrescentado. Não se ensina a escrever aqui, meu filho, isso não cai na prova.

Em mais de dez anos de Português, quase nunca coloquei em prática o que aprendi, só tinha que decorar as regras para passar de ano. Tempos verbais, conjunções e gramática foram uma dor de cabeça para muitos colegas meus, mas não para mim. Desde muito cedo abandonei a ideia de que havia sentido em tudo isso e meu objetivo era memorizar as regras. Depois, bastava fazer intermináveis exercícios e deixar bem firme a decoreba para o dia da prova, apagando tudo no dia seguinte.

Só que uma coisa falhou, não consegui apagar tudo. Ainda lembro todas as conjugações inúteis de "ser" e "haver" e posso desfilá-las para deleite de meus antigos professores. Com a mesma relevância em memorizar os feitiços do Harry Potter, posso enumerar de cor o imperativo "sê tu, seja você, sejamos nós, sede vós, sejam vocês". Obliviate!

Fi-los porque qui-los à parte, os professores de português deveriam deixar de lado este sem número de exceções e regras sem sentido, que ocupam a maior parte da matéria, e ensinar a escrever de verdade. Todos os bons alunos que terminam o fundamental deveriam ser capazes de elaborar pequenas histórias e agrupar seus pensamentos de forma clara e concisa. O fato é que a maioria não consegue, e ainda tem gente que tem a audácia de culpar os alunos. Pergunte para eles sobre as conjunções e preposições que se notará onde o tempo da disciplina foi desperdiçado.

Se eu não tivesse aprendido tempos verbais como se fosse a receita para fazer ouro, hoje não saberia que a primeira frase deste parágrafo está no pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo. Mas eu trocaria toda esta "sabedoria" por ter sofrido menos para aprender a escrever, para ter desenvoltura em elaborar um Email ou uma carta. Não é justo que a vida e o dia-a-dia tenham sido melhores professores. Tanto tempo perdido!

E no ensino médio o pior ainda estava por vir. A literatura. A segunda parte da disciplina de português ganha o troféu abacaxi da educação por conseguir obrigar alunos a ler os livros mais chatos disponíveis, só porque alguns professores consideram o estilo dos autores muito bonito. É cultura? Sem dúvida. Assim como pintura, cinema e música. Alguém já te obrigou a ouvir uma música ou a ver um filme que você não gostasse?

Esta é uma boa comparação. Pegue um filme que a maioria considera muito bom, como o paciente inglês de 1996, e obrigue todos os seus amigos a assistir. Segundo o IMDB, 27% deles não vão gostar. Agora obrigue estes que não gostaram a fazer trabalhos valendo nota e provas sobre o arrastado enredo do filme. Sarcástico? Era assim que eu me sentia tendo que ler Machado de Assis e Álvares de Azevedo.

Assim como tenho todo direito de ter a minha opinião e estar entre o seleto grupo que não gostou do paciente inglês, tenho todo o direito de respeitar o estilo de Machado e não gostar nem um pouco de seus livros. O chato é que eu não pude deixar de ler, pois tudo isso caiu no vestibular e em inúmeras provas. Tratam literatura como se fosse algum tipo de cálice sagrado da vida e lógico que não é.

Muitos dizem que eu tenho que ler para aprender a escrever, mas será que eu não poderia ter escolhido os meus próprios livros, assim como eu escolho o estilo dos filmes que quero assistir? Sugira esta ideia aos professores e eles vão dizer que isso dificultaria muito a avaliação. Mais uma vez, para facilitar a provas dificulta-se a vida dos alunos.

Para escrever bem, muito melhor é praticar, e para isso deveríamos colocar os alunos para redigir pequenas redações e depois grandes textos, ao invés de martirizá-los com tantas regras fúteis. O ensino deveria desligar-se do culto à forma, à regência, à ortografia e ensinar estilo, coerência, clareza e concisão. Muito mais importantes.

A disciplina falha pois assim como de praxe na nossa educação formal, foca-se no que nada serve para a vida prática e se esquece o principal. Muito pior que História e Geografia, o ensino de Português deixa danos irreparáveis em uma juventude que não sabe escrever, ou que precisa aprender na brutalidade do mercado de trabalho, muito mais hostil do que a sala de aula. Peca em se preocupar mais com a forma do que com o conteúdo, mais com as crases do que com a capacidade de interpretação, mais com a regência do que com o estilo, mais com a ortografia do que com a habilidade de organizar ideias. Uma pena, pois ensinar a escrever é uma das mais importantes tarefas do ensino fundamental e médio. 

Mas que Merda, Sr. Professor!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Mas que merda, Sr. Professor! - Geografia

ATENÇÃO! Este texto está escrito em formato de caricatura, ou seja, de forma exagerada e humorística. Apesar disso não se perde o principal objetivo: reclamar do horrível ensino que tive quando adolescente na década de 80. Vale lembrar que qualquer semelhança com a realidade deve, muito possivelmente, ser uma mera coincidência. Se você "ama" qualquer uma das disciplinas desta série de textos e não concorda com este blog sinta-se livre para comentar, ou então saia da internet e vá ler um livro!
Chegamos à terceira parte da série "mas que merda, Sr. Professor!". Atenção! Este não é um texto para falar mal de professores, mas para reclamar do ensino de forma geral. Para entender melhor esta série de textos leia aqui a Introdução. Leia também o texto sobre História.

Ah, Geografia! Geo de terra e grafia de escrita. O que poderia ser uma grande lição sobre as relações do homem com a natureza torna-se, por mérito deste ensino horrível que temos, uma infinidade de decorebas, mapas, vegetações e tipos de solo. Um desastre!

Tudo começa com o primeiro segmento do ensino fundamental: a professora mostra o mapa do Brasil e a gente pinta os estados. Meio como aula de artes, separa-se a região norte, sul, sudeste e centro-oeste.

Depois disso fala-se sobre o clima, as estações do ano, os planetas e o sistema solar. O disciplina se forma, na cabeça do aluno, como uma mistura de história, biologia, física e astronomia. Tanta coisa junta tem tudo para dar errado.

Por causa dessa grande amplitude de conhecimentos, muitos professores antigamente escorregavam em várias licenças poéticas. Uma das mais comuns é a liberdade científica para explicar as estações verão e inverno. Até hoje muita gente, principalmente com mais de trinta anos, lembra da explicação mostrada na figura abaixo, onde a terra se "aproxima" do sol no verão e fica "geladinha" no inverno quando se afasta dele. Absurdo!


Astronomia para loucos.

A desculpa, pelo menos na minha época, é que a explicação acima era admissível para crianças menores pois é mais simples que a verdadeira, que leva em consideração a inclinação do eixo da terra. Por que não dizer que neva no hemisfério norte durante o natal por causa do papai noel? Bem mais fácil de entender.

Ouvi relatos de explicações de Geografia ainda mais malucas que esta, mas é bem possível que estes erros não mais ocorram dado a quantidade de informações que hoje estão disponíveis na internet. No meu caso, o dano está feito.

Depois das bobagens no primeiro segmento, as coisas melhoram um pouco no segundo, ou seja, na antiga quinta série. Neste momento, a disciplina de Geografia é dividida em Física e Humana. A primeira parte fica com vegetação, clima, relevo e solo, enquanto a segunda estuda a interação do homem com a natureza. Se você não lembra desta divisão é porque o seu professor, assim como o meu, esqueceu a Geografia humana e deu apenas a física.

A parte física é a preferida dos professores pois tem bem menos discussão e é mais simples de cobrar na prova. O clima temperado é diferente do tropical e pronto. Para dar menos trabalho, matam a Geografia humana e toda a parte política que liga a matéria ao mundo em que vivemos. Nada poderia ser mais sarcástico!

É triste saber que todos os anos em que o professor de Geografia me aporrinhou com vegetação, solo e rochas, poderíamos perfeitamente ter estudado o sistema de governo dos países, cultura e comportamento humano. Olha que legal! Ao invés de falar sobre pedra e plantas que nascem lá não-sei-onde podíamos ter uma disciplina que nos leve a conhecer o mundo de verdade! Mas não se preocupe, meu filho, isso não cai na prova.

O foco da matéria, pelo menos na minha época, era montanha, rio e mapas. Ah! Mapas mudos! Quantos eu preenchi da Europa, Ásia e mais cinco territórios a sua escolha. Não que isso seja totalmente inútil, mas assim como em História, dá-se demasiada importância a informações pouco relevantes, hoje facilmente encontradas no Wikipédia, enquanto a discussão sobre economia, política, cultura e sociedade, que é bem mais preciosa para o aluno, é deixada de lado.


War! Para isso serve Geografia?

Parece que as coisas mudaram recentemente e a geografia humana está ganhando terreno. O problema é que ainda há o pessoal da antiga que gosta das plantas e pedras, enquanto um grupo de resistência anda insistindo em trazer o mundo real para dentro da sala de aula. Palmas para eles. No meu caso, não tem mais jeito, Geografia foi uma infinidades de tardes fazendo trabalhos inúteis sobre relevo e clima. Tempo praticamente perdido, que hoje só serve para encher o saco de quem lê este blog.

No meu ensino médio, por exemplo, tive novamente Geografia física, para desespero de quem não aguentava mais ver a caatinga do Nordeste, o solo arenoso e as altas montanhas dos Andes. A pedra no sapato! A erva daninha de qualquer adolescente!


A caatinga do Nordeste. Geografia é a ciência que estuda plantas? 

Ainda durante o médio, a matéria passa a ter interessantes e aproveitáveis análises gráficas, pois o vestibular é cheio de questões deste tipo. Pode até parecer que chegamos a algum lugar, mas ainda acho que não. Quando eu acertava as questões gráficas nos vestibulares de Geografia usava apenas conhecimento de funções em Matemática, muito mais martelado que qualquer planta. Falando nisso, Matemática será o mais ácido dos textos desta série! Aguardem!

A disciplina falha pois deixa os detalhes relevantes de lado e foca na decoreba de mapas e vegetação, que possui questionável aplicação prática. Assim como em todo o nosso ensino, deixa-se o mundo real para escanteio e ensina-se aquilo que é mais fácil cobrar em prova. O que deveria ser uma grande discussão sobre sociedade, cultura, economia e o papel do homem no ambiente em que vivemos torna-se uma infinidade de informações desconexas jogadas ao vento.

Mas que merda, Sr. Professor!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Mas que merda, Sr. Professor! - História

ATENÇÃO! Este texto está escrito em formato de caricatura, ou seja, de forma exagerada e humorística. Apesar disso não se perde o principal objetivo: reclamar do horrível ensino que tive quando adolescente na década de 80. Vale lembrar que qualquer semelhança com a realidade deve, muito possivelmente, ser uma mera coincidência. Se você "ama" qualquer uma das disciplinas desta série de textos e não concorda com este blog sinta-se livre para comentar, ou então saia da internet e vá ler um livro!
Este é o segundo texto da série "mas que merda, Sr. Professor", leia aqui a introdução.

Começo com a disciplina mais fácil de ser criticada. Não havia nada certo no ensino de história do meu tempo de aluno e talvez pouco tenha mudado desde então.

No primeiro segmento do ensino fundamental, onde os alunos são bem menores, meus professores de história se punham a versar sobre o tempo do império e o descobrimento do Brasil. Compreende-se que a nossa história seja muito importante, mas precisávamos de anos inteiros para esta parte? À exceção do museu em Petrópolis e das águas de Caxambú, que influência a família real possui no Brasil de hoje? Nunca entendi esta fixação pela nossa monarquia.

Mas o primeiro segmento é muito curto e não possui professores específicos para cada matéria. O negócio deveria mesmo começar a esquentar no segundo segmento, a partir da antiga quinta série do primeiro grau. Parece até brincadeira, mas a disciplina de História volta a repetir toda aquela ladainha de Dom João e Dom Pedro. E o pior, com mais detalhes! Nos faziam decorar as capitanias hereditárias e o monte de bobagens sobre o dia do fico. Triste saber que tudo isso hoje está no google ao alcance de um clique de mouse e continua a não servir para nada.

Na sexta série, Dom Pedro II finalmente morria e podíamos aprender algo menos caquético. No entanto, os professores resolviam que este era o momento de ensinar algo sobre a história mundial. Nada mais sarcástico que perder bastante tempo ensinando tudo sobre os Incas, Maias, Astecas e o antigo Egito.

Com a relevância dos episódios de Chapolin Colorado, as antigas civilizações encheram quadros e cadernos e ocuparam muito da minha juventude. Para que uso isso hoje? Há alguma conexão que não consigo fazer entre as pirâmides e nosso sistema capitalista moderno? Pode ser, mas isso nunca foi o objetivo da disciplina, era apenas para encher seu saco.

Agora que nossa paciência já estava seriamente abalada, nada mais adequado do que finalizá-la completamente com a revolução Francesa.  Depois das histórias imperiais, nada mais deixa o professor de história tão contente como o desfiar dos detalhes da queda da Bastilha. A França é o único país estrangeiro, além dos EUA e do Egito, que ocupa fortemente nossa ementa de história. Deve ser porque os professores acham muito chique falar Francês! Liberté, Egalité, Fraternité, Mbappé!

Cerca de dez anos da história francesa rendem muito mais aulas que cem anos de nossa república. Não deveria ocupar mais de 15 minutos. Foi uma a revolta da burguesia contra a nobreza que inspirou outras revoluções e criou o princípio da cidadania. Não aconteceu no nosso país, não foi no nosso continente e nem no nosso século. Meu resumo de cerca de duas linhas é mais que adequado. C'est fini!

Já na sétima série passamos a falar sobre as grandes guerras, e o professor colocou no quadro os motivos pelos quais iniciou-se a primeira delas. A partir daí pude perceber o padrão de todas as provas de história. O professor fazia um resumo escrito contendo os motivos, características, razões de alguma coisa e perguntava na avaliação exatamente isso. O que qualquer aluno faria? Decoraria sem pensar e tiraria dez. Um exercício de memória tão relevante quanto saber de cor a programação do History Channel.

Nazismo, fascismo, comunismo, capitalismo e socialismo são temas importantes, mas o problema é que o professor se atém a descrevê-los como um papagaio que engoliu um documentário do Discovery. Por que não discutir o motivo que leva muitas pessoas a acreditar ainda hoje nestas ideologias? Ora, por que isso não fica bem em uma questão de prova...

E quando a história mundial se aproximava perigosamente dos dias atuais, e ousava servir para alguma coisa, o professor mudava de assunto e voltava ao Brasil do início do século. Que tal a gente falar sobre a proclamação da república e sobre um monte de ex-presidentes que já morreram?

Podia até ser mais interessante que antigo Egito e que o tempo de Dom Pedro, o problema é que agora piorava-se a feia mania de perder-se em datas, informações irrelevantes e históricos sem fim. Mais ainda se exauria o precioso tempo de adolescente com a política do café com leite, com os tempos antigos de Getúlio, com o ciclo da borracha, o coronelismo e finalmente as revoluções de 23 e 30. Qual o sentido em estudar isso sem ao menos conectar à nossa realidade? Não se preocupe filho, isso não cai na prova.

Quando o assunto começava a melhorar e chegávamos ao golpe de 64, aí acabava o tempo e eu estava formado. Que beleza, é época de comemorar! Não fazia a menor idéia em quem votar para presidente, não conheço os partidos políticos e sou um analfabeto ideológico. Nove anos de história jogadas no ralo!

Sempre achei que a disciplina devia ser ensinada de trás para frente, mas sugerir isso a um professor é xingar a mãe dele e todas as suas gerações. Deveria-se focar no que está acontecendo no momento, contextualizando a história do país naquilo que precisamos saber hoje. Como surgiu o partido do presidente? E o da oposição? Como surgiram nossas leis e a constituição? Quais as implicações disso tudo no nosso futuro?

Eventualmente deve-se cavar até a colonização portuguesa, ou ainda mais, para explicar tantas coisas. Mas o que acontece é bem diferente. Deixar os alunos sem noção do atual é o mesmo que ensinar a estória do Senhor dos Anéis e do Crepúsculo. Não serve para nada.

Tinha até esperança de que no segundo grau, atual ensino médio, as coisas melhorassem. Mas não foi isso que aconteceu. Como fiz curso técnico tive apenas um ano de história. Foi bom. Tive que aturar apenas mais dois semestres de estorinhas repetidas de quem já morreu há tempos, e hoje não passa de um nome de rua que a gente sempre esquece onde é.

A disciplina falha pois deveria dar capacidade de argumentação aos alunos. Os professores deveriam por seus pupilos para ler notícias e dar-lhes capacidade para criticar a imprensa. Deveriam explicar o pano de fundo histórico suficiente para entender o mundo à sua volta, deixando a cor da cueca de Dom João e os croissants de Antonieta para os aficcionados que farão falculdade disso.

Desconectado da realidade, o ensino de história fica preso a um sistema que perde-se em pormenores ridículos e não nos dá capacidade de entender nosso mundo. Esquece o atual e foca-se naquilo que hoje tem mínima importância. Resumindo, tudo que fui forçado a aprender para tirar A está hoje no wikipedia e mesmo que tivesse desaparecido não teria qualquer importância para a maioria das pessoas.

Mas que merda, Sr. Professor!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Mas que merda, Sr. Professor!

Doze anos é o tempo que leva do fundamental até o fim do médio. São tantas matérias e tantos professores que nem consigo lembrar de todos. Milhares de provas, trabalhos, pesquisas, colagens e testes foram necessários para que eu fosse considerado uma pessoa estudada.

Hoje, vejo meus anos de estudante como um monte de noites viradas, tardes de sol perdidas e uma juventude paralisada desde março a novembro. Na época, achava que tudo valia a pena, mas comecei a pensar recentemente que não foi bem assim.

Tão distante do meu tempo de aluno pude perceber melhor os erros, defeitos, incoerências e a falta de bom senso que meus antigos professores tinham. Muitos me fizeram decorar informações inúteis, datas e elementos da tabela periódica. Outros expunham fórmulas com tamanha importância que mais pareciam o segredo da vida. Cometiam erros crassos, enganos mitológicos e expunham sua própria licença poética em intermináveis bobagens.

É tanta coisa que não consigo expor em apenas um texto, mas sim uma série de postagens divididas por matérias. História, Geografia, Matemática, Português, Ciências, Física, Química e outras receberão uma análise de quem passou muito tempo tentando aprendê-las para tirar as notas altas que tanto interessavam aos nossos pais, mesmo que o conhecimento que se levava ano a ano fosse totalmente marginal.

Não se enganem! A série que começo a escrever, chamada "Mas que merda, Sr. Professor", não conterá uma só crítica construtiva. Professores não poderão utilizar aquilo que escrevi para nada, pois não tenho o objetivo de reformar o ensino. Estes textos são apenas uma crítica ácida, corrosiva e cruel de quem é fruto do próprio sistema.

Alguém pode até achar que se trata de vingança de um aluno repetente que nunca se encaixou no sistema. Muito pelo contrário. É um relato de quem encarou o estudo com a seriedade de muitas notas A e hoje sente-se injustiçado por tanto de sua adolescência extraviada memorizando besteiras, fazendo tarefas inúteis e lendo livros chatos.

Será um relato para derrubar tudo que se considera didático, tudo que disseram para você que é importante e útil. O mundo acadêmico não está acostumado a ser confrontado, não gosta de mudanças e se acha o maioral. Mal sabem eles que a vida lá fora é tão diferente das lousas e dos deveres de casa e é essa incoerência que pretendo mostrar. Segurem-se nas carteiras!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Metrô da Uruguai, construído em 1982!

Com vinte e oito anos de atraso, o metrô finalmente chegará a rua Uruguai, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro.

Os túneis para a citada estação já foram cavados desde 1982, mas apenas agora começou-se as obras que construirão a estação e farão a colocação de trilhos. Por que a demora?

Embora tudo já estivesse planejado há tempos, inicialmente não houve demanda que sustentasse a finalização da estação. A partir do início de década 90 já era uma boa idéia desafogar o trânsito da praça Saens Pena, mas a esperança foi enterrada por uma sucessão de Moreira Franco, Marcelo Alencar e Garotinho. Depois o  metrô acabou privatizado e aí danou-se mesmo.

Depois de duas décadas de ruindade, coroadas com 18 mandatos do César Maia na prefeitura, a expansão do  metrô da capital fluminense só foi retomada no início dos anos 2000. O que nos foi prometido desde a década de 80 hoje virou fumaça, nem se fala da linha 1 em anel seguindo da Tijuca até a gávea, e mesmo a nova parada na tijuca será pelo menos a 200m do local correto, da rua que dá o nome à estação.

Mesmo assim estou comemorando. Quem viveu a década de 90 sabe o que é ver tudo piorar e nada ser feito. A estação, cerca de 250m daqui da minha casa já começou a ser construída, e deverá ser finalizada em cerca de 2 anos.

Deixo aqui um registro histórico deste memorável momento Tijucano: o início das obras da estação que deveria ser sido inaugurada em 82! Ainda há pouca movimentação de operários e a empreitada anda a passos de barata, mas este notável blogueiro conseguiu fotos exclusivas para alegrar o morador local!

Placa comemorativa do início das obras! (Será que estava escrito 82 e tiraram por vergonha?) 
Caminhonete do Metrô. Agora vai!

Três operários! Beleza, vai terminar rapidinho!

Rua Itacuruçá, uma das saídas da estação Uruguai. A foto é de 2011, mas bem poderia ser de 86.

Quando houver mais novidades faço outra postagem! Vamos torcer para que desta vez venha o progresso!