Recentemente, por algum motivo, resolveu-se desenterrar os vampiros de suas tumbas para empregá-los em novos seriados de TV e filmes. Se você gosta deste tipo de ficção há muito o que ler e assistir. A indústria de entretenimento fez literalmente um pacto de sangue com o vampirismo.
O que talvez atraia o público é a mistura de vilão com mocinho. Nossos anti-heróis são atormentados pelo desejo, ao mesmo tempo que sentem culpa pelos seus atos. Muito parecido com qualquer ser humano, apenas amplificado.
Super poderosos, imortais e bonitões. Parece muito fácil fazer sucesso com este requisitos. Os vampiros estão na área desde o início do século 19, mas foi a partir da publicação de
Drácula, quase no início do século 20, que os chupadores de sangue conquistaram fama mundial.
O súbito aumento de interesse no assunto não é coisa muito fácil de entender, nada de novo foi criado sobre vampiros nestes últimos vinte anos. Ainda assim, este tipo de ficção voltou a ganhar a atenção da maioria, mesmo que as histórias não passem de uma combinação das lendas que já existiam, principalmente para se adaptar aos tempos modernos.
Sobre o tema existe hoje um mercado de milhões de dólares. Cinco diferentes séries de livros, dois seriados de TV bem produzidos e alguns filmes com atores famosos. Mesmo com tanta grana e produção, há muito pouca coisa original e muitas histórias sofrem de uma repetição de padrões e pobreza intelectual.
Mas isso não significa que tudo seja de jogar fora. O sangue ainda pulsa por estas adaptações e gostaria de listar aqui minha opinião, os altos e baixos das três principais séries de vampiros. Vamos lá:
1) Crepúsculo
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A maçã de crepúsculo, que o Edward
só come no quarto livro. |
Esta é uma série de filmes e livros escritos por
Stephenie Meyer, sendo crepúsculo apenas o primeiro deles. De todos, me pareceu o mais bem pensado, embora seja claramente voltado ao público adolescente.
Os vampiros de Crepúsculo são demasiadamente humanizados, menos monstruosos do que se espera. Podem caminhar na luz do sol, mas brilham e temem ser descobertos. Assim como em quase todas as histórias há uma preocupação em não permitir que os humanos percebam a existência de vampiros.
A trama é excessivamente romântica e descreve o envolvimento entre o vampiro telepata Edward e a esquisita adolescente Bella. O livro tem partes insuportáveis, pois é escrito em primeira pessoa e se aprofunda demais nos pensamentos da menina protagonista. Mesmo assim, tem seus bons momentos.
Os sacrifícios que ambos fazem para ficar juntos são o ponto alto da história. O ponto baixo é a falta de complexidade dos personagens, principalmente dos vampiros, dos quais sempre se espera algo mais, pois são criaturas de centenas de anos. A maioria dos sanguessugas fica entre cachorro louco e maníaco depressivo, muito pouco para um leitor de ficção como eu.
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A chatinha Bella e o mais chato ainda Edward. |
Falando em cachorro, o que mais instigou os leitores na série crepusculo foi o relacionamento a três entre Bella, Edward e o lobisomem Jacob. Lembro que chegou a haver um abaixo-assinado para que a mocinha desistisse do bandidão dentuço e ficasse com o lobo mal.
Bobagens adolescentes à parte, deixo minha avaliação sobre todos os quatro livros e filmes da série, mesmo que ainda não tenha visto o último que deve estar para vir a qualquer momento em 2012.
Avaliação:
História: Mediana com algumas partes boas. O quarto livro é fraco e deixa a desejar.
Regras: Não gostei dos vampiros que brilham, mas os poderes e os
Volturi são interessantes.
Vampiros: Totalmente bobões. Não parecem tão sensacionais como deveriam. Muitos não tem uma boa história de fundo e parecem humanos demais.
Humanos: Piores que os vampiros. Bella não serve para nada. Nos filmes deram a ela mais importância do que nos livros.
Protagonistas: Edward é muito fraco para um vampiro, inseguro e bobão, pior que adolescente. Bella fica no mesmo nível. O relacionamento entre os dois, mesmo assim, é o ponto alto da história.
2) True Blood
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Sookie é a melhor protagonista. |
Esta é uma série da HBO, canal de TV à cabo americano, baseado em um conjunto de livros chamados
The Southern Vampire Mysteries. É como uma versão do crepúsculo para o público adulto, embora a história seja muito fraca.
A semelhança com crepúsculo não é mera coincidência. Em True Blood os protagonistas são uma humana telepata e um vampiro com consciência, que não é um monstro como a maioria. Muito familiar. Mais ainda quando o vampiro percebe que não pode usar seus poderes sobre a mocinha.
Como a série é feita para o público adulto, o conteúdo é bem mais forte, incluindo cenas picantes impensáveis na trama adolescente. Lembre-se que a série passa na TV à cabo, onde não se precisa manter tanta censura.
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True Blood. Amigos não deixam amigos
beberem amigos. |
A história é muito fraca, beirando o rídiculo. A protagonista Sookie é uma fada! Uma fada! Mesmo com tantas bobagens, dá de goleada na Bella.
A base da história é um futuro alternativo em que os vampiros saem do armário, ou seja, não estão mais escondidos. Todo mundo sabe que eles existem. Isso foi possível desde que os japoneses inventaram, e engarrafaram, sangue sintético, permitindo que os vampiros pudessem se alimentar sem matar ninguém. O problema é que o energético, chamado true blood, não é tão gostoso na garrafa quando no pescoço de jovens mocinhas. Mas isso os japoneses deveriam ter imaginado.
Roteiro terrível com uma história que chega a ser cômica. Mesmo assim, é divertido! Não perco um epísodio. A quarta temporada foi fraca, mas talvez a série volte em 2012. Assistam!
História: Fraca. Parece que o objetivo de certas partes é apenas mostrar sacanagem. Nada contra.
Regras: Vampiros morrem da forma mais nojenta possível. Os mais antigos podem voar e viajar pelo tempo. Interessante. Vampiros podem morrer com uma estaca no coração e com balas de prata, como nos velhos tempos.
Vampiros: Mais complexos e bem pouco humanos. Todos pilantras, ou pelo menos quase todos.
Humanos: A maioria bem babacas. Mostrem mais vampiros que a série ficará bem melhor.
Protagonistas: Sookie é uma das melhores protagonistas, tirando o fato de ser fada. Bill, o vampiro apaixonado pela fada é muito esquisitão. Mas pelo menos é mais complexo e muito melhor que os vegetarianos que andam por aí.
3) The Vampire Diaries.
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O trio de Vampire Diaries. Stefan, Damon e Elena
(ou Katherine, já que as duas são tão parecidas). |
Baseado nos livros de
Lisa Jane Smith, esta é uma série de TV do canal
The CW. Dos três que aqui apresento, é a melhor história.
Um vampiro centenário encontra uma adolescente que se parece muito com sua antiga paixão, uma vampira que morreu há mais de um século. A semelhança entre elas é muito grande, e ele acaba se apaixonando novamente. O problema é que seu irmão também era vidrado na vampira falecida e acaba por complicar as coisas.
A trama é menos adolescente que Crepúsculo mas muito menos adulta que True Blood. Os personagens vampiros são bastante profundos e a história gira em torno do mistério da adolescente cópia da falecida vampira, que através da série é chamada Doppelgänger, ou seja, réplica. No desenvolvimento da narrativa vai se mostrando partes do quebra-cabeça que explica porque Elena, a humana, é tão parecida assim com Katherine, a vampira.
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Katherine e Elena. Tão parecidas quanto as gêmeas
Phoebe e Ursula de Friends. |
A personagem principal é bastante interessante, e uma ótima oportunidade artística pois a atriz precisa interpretar uma humana e uma vampira, não só nos flashbacks mas também para valer, pois no fim da primeira temporada descobre-se que Katherine não morreu! Isso nem é um spoiler, de tão previsível.
Gostei bastante dos diários de vampiros e, para mim, é a melhor adaptação dos chupadores de sangue aos dias atuais. A maluquice da história é de deixar qualquer um perdido, e os personagens são muito mais atormentados e razoavelmente profundos. O que se espera de qualquer história do gênero.
Elena ainda tem uma amiga adolescente bruxa, a Bonnie. Embora esta parte da história fique meio Harry Potter, deixa mais divertida a trama e confunde mais do que ajuda. Há também alguns lobisomens e outras criaturas. Imperdível.
Pena que esta temporada atual, 2011-2012, a série tenha ficado meio chatinha. Talvez seja o fim da era dos vampiros. Quem sabe, na próxima temporada, a história volte com mais força.
Avaliação:
História: A melhor de todas. O negócio do
Doppelgänger estou tentando entender até hoje. Intrigante e interessante.
Regras: Vampiros podem caminhar na luz do sol graças a magia do Harry Potter. Brincadeira, mas é mais ou menos a mesma coisa. Tudo bem, esta parte é estranha, mas o resto ficou até bem legal. Há uma erva chamada Verbana que pode matar os vampiros, ou mais ou menos isso.
Vampiros: Mais complexos e mediamente humanos. Nem todos são pilantras, mas a maioria é. Stefan, o protagonista, não pode tomar sangue humano, pois quando isso acontece ele fica mais maluco que criança quando come muito açúcar.
Humanos: Menos babacas que a média. Mais ainda assim, babacas.
Protagonistas: Stefan e Elena são os melhores protagonistas de história de vampiro até hoje. Ainda há o irmão Damon que também é um bom personagem.
Conclusão:
Parece que os vampiros vão continuar em alta por mais alguns anos. Pelo menos até o filme final do Crepúsculo (Breaking Down). Para quem não gosta de vampiros, uma boa notícia. Parece que o interesse pela ideia está diminuindo. Pode ser que tenhamos, dentro em breve, nossos perfis de facebook e emails inundados por abaixo-assinados de fãs pedindo para que não acabem com as séries. Mesmo que os dentes fiquem retraídos por algum tempo, as histórias de vampiros estão mesmo destinadas à imortalidade. Na dúvida, protejam seus pescoços!